Recovery
Sobre o Recovery, ultimamente vem sendo bastante adotado pelos atletas que visam uma recuperação mais rápida e consequentemente treinos mais intensos.
O sucesso dos processos de melhora do desempenho e prevenção de lesões depende da qualidade da transição entre os estímulos do treinamento físico, além de como será prescrito o exercício. Nesse sentido, uma adequada recuperação torna-se um aspecto importante de todo programa de condicionamento, tanto para atletas, como técnicos e diversos profissionais ligados à área da saúde. A recuperação pré e pós exercício consiste em restaurar os sistemas do corpo a sua condição basal, determinando o bem estar.
A negligência ao tempo necessário para restauração de substratos utilizados durante o esforço antes de submeterem-se a um novo estímulo caracteriza uma condição inadequada, pois impedem que o organismo se mantenha em estado ótimo para realização da prática atlética, limitando o desempenho e aumentando os riscos de lesões. Para potencializar a recuperação, tem-se observado, na prática, a utilização de vários métodos, como os exercícios ativos, a crioterapia, a eletroestimulação, a bota pneumática de compressão e a liberação miofascial.
Em se tratando de métodos recuperativos após alta intensidade de esforço, observa-se a realização de exercícios ativos, sendo estes considerados um trabalho contínuo aeróbio e de baixa intensidade. Estudos apontam como intensidade ótima de esforço o intervalo entre 20 e 50% do VO2máx para que ocorra eficiente remoção de lactato sanguíneo, seja por oxidação ou conversão em glicose ou aminoácidos. Tal processo é amplamente descrito na literatura, conforme sugerem os estudos de revisão de Barnett e Tomlin e Wenger.
A técnica de crioterapia consiste na exposição ao frio, geralmente em torno de 10 graus, com o intuito de aumentar o metabolismo e, no esporte, tem sido utilizado no processo de recuperação visando, também, à remoção do lactato sanguíneo. Sua utilização consiste na redução da temperatura tecidual por condução e atuando na diminuição do processo inflamatório devido as micro lesões geradas durante o treino ou competição.
A eletroestimulação, que têm como alvo os nervos sensoriais e motores, fornecem um estímulo na área dolorosa que basicamente induz o cérebro e faz com que o sistema nervoso preste atenção a esse estímulo em vez de qualquer outro estímulo, atuando bloqueando a transmissão do estímulo de dor. Além disso, o uso do TENS ainda estimula a liberação de analgésicos fabricados pelo nosso próprio organismo, como as encefalinas e as endorfinas.
As botas de compressão possuem câmaras que serão preenchidas de ar sequencialmente, de baixo para cima e de forma repetida, fazendo com que os metabólitos decorrentes da fadiga sejam drenadas. Isso porque, com o treino diário, os músculos acumulam substâncias que causam dor e fadiga. Em decorrência disso, ocorre a diminuição do rendimento diário dos treinamentos.
Outra técnica utilizada amplamente no meio esportivo é a liberação miofascial, definida como manipulação mecânica dos tecidos do corpo com movimentos rítmicos e cadenciados. Os objetivos são a redução da dor, diminuição dos trigger points (local caracteristicamente mais rígida no músculo), melhora da oxigenação muscular e a aceleração da remoção de lactato, pelo aumento de fluxo sanguíneo.
Contudo, a falta de padronização para utilização das técnicas e controle das variáveis determina dificuldades para a ideal resposta fisiológica de cada processo. Por exemplo, porque utilizar a crioterapia antes de outros processos, como a liberação miofascial? Acredito que ao ser realizada primeiro, quando se tenta executar a liberação miofascial, o músculo não responde tão eficientemente a esse processo por sair de um padrão de relaxamento e posteriormente tentar retornar ao mesmo. Nesse sentido, atenta-se para necessidade de melhor definição de parâmetros relacionados ao gerenciamento de cada técnica, além do tempo de exposição, temperatura e intensidade de aplicação.